Adultização infantil: do vídeo viral ao debate sobre proteção
da infância no Brasil
Adultização infantil: do vídeo viral ao debate sobre proteção
da infância no Brasil
Crianças não são adultos em miniatura, assim como a antiga mentalidade disseminada entre a população medieval na Europa. O avanço de casos recentes trouxe à tona a urgência de discutir limites, responsabilidades e a necessidade de frear a adultização precoce nas redes sociais e fora delas.
Um vídeo que virou alerta nacional
O debate sobre a adultização infantil ganhou força após a publicação de um vídeo do influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, que expôs o tema de forma contundente. O material, que reúne provas coletadas ao longo de um ano de investigação, já ultrapassou 48 milhões de visualizações no YouTube (fonte: YouTube).
No centro da polêmica está Hytalo Santos e seu namorado, acusados de práticas que levaram à exposição e exploração de crianças de maneira inapropriada. O impacto foi imediato: em menos de dez dias, o caso deixou de ser apenas um vídeo viral para desencadear investigações policiais e discussões políticas.
O que significa adultização infantil
A ideia, muito discutida por profissionais da psicologia e da educação, diz respeito ao ato de exigir comportamentos, obrigações ou características de adultos de crianças que ainda estão se desenvolvendo. Essa ação pode se manifestar de diversas maneiras, como ao mostrar jovens em plataformas sociais com material inadequado ou ao exercer pressão sobre padrões de beleza e à sexualização prematura.
Como aponta a advogada Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, organização que trabalha com a prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, e professora doutora em Direito Constitucional na PUC-SP “Adultização é não respeitar um desenvolvimento regular e saudável das crianças e impor padrões que são adultos. Mas precisamos lembrar que essa adultização de crianças acontece há muito tempo no país. Quando falamos de trabalho infantil, por exemplo, é sobre adultização. Quando fala de sexualização precoce ou de gravidez na adolescência, também", afirma.
Consequências imediatas: prisões e leis
O caso Felca-Hytalo se tornou relevante não só pela seriedade das acusações apresentadas, mas também pela rapidez na resposta de autoridades e parlamentares, em uma nação onde investigações e trâmites legislativos frequentemente dispendem tempo. Em menos de dez dias, denúncias que começaram em um vídeo do YouTube resultaram na prisão de Hytalo Santos em São Paulo.
Paralelamente, o Congresso Nacional discutiu e aprovou de forma acelerada um projeto de lei voltado ao combate da adultização de crianças nas redes sociais. Em nível regional, a Assembleia Legislativa da Paraíba sancionou a chamada “Lei Felca”, Projeto de Lei 4.764/2025, voltada a proteger menores de exposições abusivas e garantir punições mais severas.
A velocidade com que essas ações foram implementadas é um reflexo da pressão social provocada pelo viral do Felca, que evidenciou de maneira inegável um assunto que estava sendo minimizado. Assim, o acontecimento transformou-se em um divisor de águas, demonstrando que a mobilização pela internet pode acelerar a resposta de oficiais e representantes, colocando a segurança das crianças como um foco urgente.
A urgência de um posicionamento social
Apesar de a discussão ter uma forte influência da perspectiva legal e policial, o problema fundamental é de natureza cultural e social: até que ponto a comunidade tem aceitado e até promovido a maturidade precoce? A aceitação de ações que remove a infância das crianças deve ser analisada com seriedade.
Profissionais destacam que a fronteira entre "diversão" e exploração é delicada. É a responsabilidade de pais, educadores, influenciadores digitais e do próprio governo assegurar que a infância seja protegida e amparada pelo cumprimento dos direitos e deveres, conforme previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O crescimento precoce das crianças não se trata apenas de um comportamento errôneo isolado, representa uma questão sistemática que impacta lares, instituições educacionais e a comunidade como um inteiro. O incidente Felca-Hytalo funcionou como um impulsionador para essa discussão, que já estava reprimida e que agora necessita de ações efetivas para proteção e sensibilização.
Proteger a infância não é uma alternativa, mas sim uma responsabilidade compartilhada.
Referências:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-conceito-de-infancia-ao-longo-da-historia-ocidental.htm#:~:text=Na%20idade%20m%C3%A9dia%20a%20crian%C3%A7a,novo%20ambiente%20aprendessem%20um%20oficio
https://www.youtube.com/watch?v=FpsCzFGL1LE
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c9qynn5e0e9o
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70318/64.pdf
CÂMARA APROVA URGÊNCIA DO PL DE ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA
O projeto de lei prevê que aqueles com renda de até R$5 mil não terão que pagar o IR e reduz parcialmente o valor daqueles que ganham entre R$5 mil e R$7.350
Ana Pires
No dia 21 de agosto, a Câmara dos Deputados aprovou o requerimento de urgência, por unanimidade, do PL 1.087 de 2025. O projeto vem do Poder Executivo e foi relatado (ou seja, analisado, estudado e posto em relatório) por Arthur Lira (PP-AL).
E do que se trata? A ideia é reduzir lentamente, até zerar, o imposto aplicado sobre as rendas de até R$5 mil e reduzir parcialmente, mas sem zerar, o aplicado sobre rendas entre R$5 mil e R$7.350.
No entanto, para evitar a falta de arrecadação, o IR cobrado aumentará, progressivamente, em até 10% para aqueles que ganham mais de R$50 mil. Isso porque, proporcionalmente, os ricos pagam menos impostos do que os mais pobres. A ideia é que o recolhimento não sofra em valores, mas que mude sua fonte para quem tem mais.
A alteração no PL ocorreu no Regime de Tramitação, sendo essa a forma como será tratada a proposição. Nesse contexto, existem outros três regimes possíveis que determinam o tempo que cada proposta tramitará nas comissões, sendo eles: urgente, com prioridade e de tramitação ordinária.
No caso do PL sobre a isenção do imposto de renda, agora em regime de urgência, o que acaba é a obrigação a algumas formalidades regimentais. Segundo o site da Câmara dos Deputados, a urgência pode ser definida por defesa aos interesses do país ou por requerimento, como aconteceu nesse caso. Após ser aprovada, a proposição é incluída na Ordem do Dia.
A data para a análise no Plenário ainda será definida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Caso seja aprovado, o próximo passo é enviar o projeto para votação no Senado.
Em resumo, este é um projeto que vem unindo os polos políticos, visto como justiça social pelos membros parlamentares. O líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), afirmou que “é muito importante que a gente aqui no Parlamento deixe de lado os problemas políticos. Trabalhar a favor do país, a favor da população brasileira, presidente, sob o seu comando. Sem dúvida nenhuma, tem a nossa legitimidade para a gente continuar trabalhando em prol do Brasil, e não em prol da política”.
Explicação do passo a passo de um projeto de lei.
Moraes decreta prisão domiciliar com tornozeleira para Jair Bolsonaro.
O ministro considerou que houve desrespeito às medidas cautelares e aplicou a alternativa
No dia 4 de agosto, foi decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Anteriormente, em 18 de julho, ocorreu a determinação do uso da tornozeleira eletrônica, após o ministro ter considerado que Bolsonaro atuou junto de seu filho Eduardo no fomento da imposição de sanções norte-americanas contra o Brasil.
Segundo Moraes, a prisão domiciliar foi resultado do descumprimento das medidas cautelares do ex-presidente, realizadas em 4 de agosto, quando se comunicou com manifestantes apoiadores através de um vídeo compartilhado por seu outro filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Além da prisão, outras medidas foram aprovadas. Atualmente, Bolsonaro está proibido de receber visitas, com exceção de seus advogados e das pessoas que residem em sua casa. O ex-presidente só pode ter contato com pessoas externas com a autorização do Supremo — o que inclui seus filhos Flávio, Eduardo e Renan. Também continua com seu aparelho apreendido pela Polícia Federal e está proibido de usar suas redes sociais.
Como justificativa na decisão, Alexandre de Moraes afirmou que, mesmo advertido, o ex-presidente continuou a desrespeitar as cautelares. "O descumprimento das regras da prisão domiciliar ou qualquer uma das medidas cautelares implicará na sua revogação e na decretação imediata da prisão preventiva, nos termos do art. 312, 1º, do Código de Processo Penal", ressaltou o ministro.
Nesses casos, a prisão domiciliar age como mecanismo de garantia ou medida cautelar, para que o processo de condenação ocorra de maneira regular. Assegurando, por exemplo, que o acusado não fuja do país, combine versões com outros envolvidos no caso ou até que ameace testemunhas.
Moraes atendeu ao pedido da Procuradora Geral da República (PGR) em aumentar o monitoramento em tempo integral na casa do ex-presidente pela Polícia Penal de Brasília. A decisão veio da desconfiança de um suposto risco de fuga do ex-presidente. Em um ofício enviado ao Supremo, a PF pediu “reforço urgente e imediato” de policiamento no entorno da casa de Bolsonaro, bem como a manutenção e constante checagem da tornozeleira eletrônica.